Câncer em Foco
Pulseiras de elástico podem conter substância cancerígena, alerta Proteste
11/09/2014 10:24:22Segundo o Inmetro, há apenas um produto deste tipo certificado pelo instituto
RIO
- A Proteste - Associação de Consumidores enviou, nesta quarta-feira,
um ofício ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
(Inmetro) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pedindo
que os órgãos fiscalizem e recolham do mercado os elásticos usados para
fazer as pulseiras e anéis conhecidos como "loom band charms".
Os
acessórios, feitos de pequenos elásticos coloridos trançados, viraram
moda entre crianças e adolescentes. Em lojas e até em bancas de jornais,
são vendidos pacotes com elásticos, fechos e um gancho que ajuda a
tecer as pulseiras. Em alguns estabelecimentos, o kit é completo,
incluindo também uma espécie de tear para produzir as pulseiras.
Pulseirinhas de elástico fazem sucesso entre crianças - / missresincup/Flickr (Creative Commons)
A
associação cita uma reportagem da rede britânica de televisão BBC, que
mostrou testes do Birmingham Assay Office revelando haver 40% de ftalato
no produto, sendo que o máximo permitido pela União Europeia é de 0,1%.
A susbtância, usada para dar mais maleabilidade ao material, pode ser
cancerígena. E o risco de contaminação se dá porque as crianças podem
colocar o elástico na boca, liberando o ftalato.
A
denúncia fez com que a rede de brinquedos The Entertainer removesse o
produto das prateleiras. Segundo Marion Wilson, responsável pelo teste, o
brinquedo é perigoso pois a substância é comumente ingerida por sucção.
— Obviamente, um elástico pendurado em uma pulseira é um alto risco — disse a especialista à BBC.
NO BRASIL, RESPONSABILIDADE É DO INMETRO
O
Inmetro informou que todo produto lúdico que se destina ao uso por
crianças de até 14 anos é considerado brinquedo e, por isso, para ser
comercializado no Brasil, deve apresentar o Selo de Identificação da
Conformidade do Inmetro. O selo é a garantia de que o produto passou por
testes e atende aos requisitos mínimos de segurança estabelecido pelo
Inmetro e a normas do Mercosul. De acordo com o instituto, há apenas um
brinquedo de pulseiras de elástico certificado, o Fábrica de Pulseiras,
da Estrela.
A
presença de ftalatos em brinquedos é regulada pela portaria Portaria nº
369 de 2007. O texto determina que os ftalatos de di (2-etil-hexila)
(DEHP), de dibutila (DBP), e de benzilbutila (BBP) "não devem ser
utilizados como substâncias ou componentes de preparações em
concentrações superiores a 0,1 % em massa de material plastificado, em
todos os tipos de brinquedos de material vinílico". Os mesmos ftalatos e
mais os de di-isononila (DINP), de di-isodecila (DIDP) e de di-noctila
(DNOP) "não devem ser utilizados como substâncias ou componentes de
preparações em concentrações superiores a 0,1 % em massa de material
plastificado, em brinquedos de material vinílico destinados a crianças
com idade inferior a 3 anos".
-
Há um risco muito grande quando se compram produtos infantis no chamado
comércio ilegal, sobretudo quanto a presença de substância tóxicas em
limites acima do permitido. O consumidor só deve adquirir brinquedos que
ostentam o selo de identificação da conformidade do Inmetro e que sejam
adequados à faixa etária da criança, além de seguir as instruções de
uso do produto especificado - disse Alfredo Lobo, diretor de Avaliação
da Conformidade do Inmetro.
O
Inmetro reforçou a recomendação de não se comprar artigos infantis em
lojas de comércio informal, uma vez que não há garantia da origem destes
itens. O órgão ressaltou ainda que produtos falsificados ou fabricados
clandestinamente podem não cumprir as condições mínimas de segurança,
principalmente no tocante à toxicidade. O instituto também lembra a
importância de adquirir somente brinquedos que tenham o selo de
certificação do Inmetro.
Procurada,
a Anvisa disse que a agência “não possui normas relacionadas a
brinquedos” e que “as regras e regulamentações são do Inmetro”.
NA INGLATERRA, LOJA RECOLHEU PRODUTOS
De
acordo com a BBC, uma loja britânica foi forçada a recolher as
pulseiras de suas prateleiras depois da divulgação dos testes que
revelaram que os produtos poderiam conter um alto teor de ftalatos (bem
além do permitido). Ainda de acordo com a reportagem, as embalagens
apresentavam o selo que indica que o produto respeita as normas de
segurança da União Europeia.
A
loja britânica disse à BBC que, "como medida de precaução", retirou os
produtos "enquanto conduzimos uma investigação completa".
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