sexta-feira, 12 de setembro de 2014

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Estudo avalia contaminação de zonas balneáveis

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Os emissários submarinos de esgotos são adotados como destino final de efluentes domésticos em virtude da eficiência oceânica na depuração da matéria orgânica. A avaliação do impacto provocado pelo lançamento desses efluentes pode auxiliar a tomada de decisão quanto ao ponto de lançamento ideal, a delimitação das áreas impactadas, e a probabilidade de contaminação das zonas balneáveis. O pesquisador do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental (DSSA/ENSP) Renato Castiglia Feitosa trabalha na avaliação da contaminação de águas costeiras por emissários submarinos de esgotos. 
 
A ferramenta empregada nesta avaliação é o sistema de modelos computacionais SisBaHia (Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental), desenvolvido no Programa de Engenharia Oceânica da COPPE/UFRJ, e que teve a colaboração do pesquisador do DSSA descrita pelas seguintes publicações: Emissários Submarinos de Esgoto: aspectos de qualidade de água e modelagem computacional e pela sua tese de doutorado Acoplamento de Modelos de Campo Próximo e Campo Afastado com Cinética de Decaimento Bacteriano Variável - Aplicações em Emissários Submarinos, defendida no Programa de Engenharia Oceânica da COPPE/UFRJ.
 
A proteção de áreas balneáveis em relação à contaminação por agentes patogênicos é uma característica crucial no projeto de emissários submarinos. O uso de coliformes fecais como indicador na quantificação do grau de contaminação fecal de águas costeiras por efluentes de emissários submarinos é justificado pelas altas densidades observadas destes microrganismos nos esgotos domésticos.
 
Em decorrência das adversidades encontradas no ambiente marinho, a redução de bactérias é governada principalmente pela ação conjunta da salinidade, temperatura e radiação solar, sendo, este último, o principal fator influente nas taxas de decaimento, revela Castiglia. Esta taxa é representada pelo parâmetro T90, que corresponde ao tempo necessário, em horas, para que ocorra uma redução de 90% na concentração inicial de coliformes fecais. “Deste modo, a quantificação do decaimento é um dos principais parâmetros a ser incluído na avaliação de emissários. Adicionalmente, o sistema de modelos anteriormente descrito é capaz de reproduzir a circulação hidrodinâmica da região, caracterizada pelo regime de correntes marinhas, responsável pelo transporte do contaminante lançado no meio”.
 
Radiação solar mostrou o maior efeito deletério na mitigação das concentrações de coliformes fecais no ambiente marinho
 
O pesquisador afirma que a dispersão e a degradação bacteriana depende fortemente das condições ambientais. Os fatores responsáveis pela regulação dos níveis de radiação solar, tais como condições meteorológicas (cobertura de nuvens) e sazonais (estações do ano) possuem influência significativa na avaliação da contaminação costeira por efluentes lançados por emissários submarinos. Em simulações comparativas entre cenários de céu claro e totalmente nublado, para os mesmos padrões de correntes, a condição de bom tempo remete a uma situação significativamente melhor do que a de mau tempo, em relação aos índices de coliforme nas cercanias e nas regiões adjacentes ao ponto de lançamento do efluente.
 
“Em linhas gerais, o estudo do transporte de contaminantes, considerando coliformes fecais como contaminantes de referência, depende fortemente das condições ambientais simuladas. A radiação solar mostrou o maior efeito deletério na mitigação das concentrações de coliformes fecais no ambiente marinho. Temperatura e salinidade são fatores secundários e relevantes apenas na ausência de radiação solar. A diminuição dos níveis de radiação solar reflete na diminuição das taxas de decaimento bacteriano e, consequentemente, remete a maiores níveis de concentração do contaminante no meio”, constatou o estudo.
 
Para o pesquisador, os emissários submarinos são apontados como uma eficiente alternativa para o destino final de efluentes sanitários, principalmente em regiões litorâneas carentes de espaço para implantação das estações de tratamento convencional completo (primário e secundário), como é o caso de Ipanema, implantado na década de 70. Entretanto, de acordo com a legislação atual, se faz necessário um tratamento primário antes do lançamento submarino, de modo a promover a remoção de sólidos em suspensão e sedimentáveis. “Mesmo neste caso, onde passa a ser necessária a implantação de uma fase de tratamento em terra, o espaço necessário requerido é significativamente menor do que o necessário para um tratamento completo”, admitiu.


O trabalho desenvolvido por Renato foi publicado em três revistas científicas: no Journal of Applied Water Engineering and Research, na revista Water Science & Technology e na Revista Hydro
 

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