Estudo avalia contaminação de zonas balneáveis
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Os
emissários submarinos de esgotos são adotados como destino final de
efluentes domésticos em virtude da eficiência oceânica na depuração da
matéria orgânica. A avaliação do impacto provocado pelo lançamento
desses efluentes pode auxiliar a tomada de decisão quanto ao ponto de
lançamento ideal, a delimitação das áreas impactadas, e a probabilidade
de contaminação das zonas balneáveis. O pesquisador do Departamento de
Saneamento e Saúde Ambiental (DSSA/ENSP) Renato Castiglia Feitosa
trabalha na avaliação da contaminação de águas costeiras por emissários
submarinos de esgotos.
A ferramenta empregada nesta avaliação é o sistema de modelos computacionais SisBaHia
(Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental), desenvolvido no Programa de
Engenharia Oceânica da COPPE/UFRJ, e que teve a colaboração do
pesquisador do DSSA descrita pelas seguintes publicações: Emissários Submarinos de Esgoto: aspectos de qualidade de água e modelagem computacional e pela sua tese de doutorado Acoplamento
de Modelos de Campo Próximo e Campo Afastado com Cinética de Decaimento
Bacteriano Variável - Aplicações em Emissários Submarinos, defendida no Programa de Engenharia Oceânica da COPPE/UFRJ.
A proteção de áreas balneáveis em relação à contaminação por agentes
patogênicos é uma característica crucial no projeto de emissários
submarinos. O uso de coliformes fecais como indicador na quantificação
do grau de contaminação fecal de águas costeiras por efluentes de
emissários submarinos é justificado pelas altas densidades observadas
destes microrganismos nos esgotos domésticos.
Em
decorrência das adversidades encontradas no ambiente marinho, a redução
de bactérias é governada principalmente pela ação conjunta da
salinidade, temperatura e radiação solar, sendo, este último, o
principal fator influente nas taxas de decaimento, revela Castiglia.
Esta taxa é representada pelo parâmetro T90, que corresponde ao
tempo necessário, em horas, para que ocorra uma redução de 90% na
concentração inicial de coliformes fecais. “Deste modo, a quantificação
do decaimento é um dos principais parâmetros a ser incluído na avaliação
de emissários. Adicionalmente, o sistema de modelos anteriormente
descrito é capaz de reproduzir a circulação hidrodinâmica da região,
caracterizada pelo regime de correntes marinhas, responsável pelo
transporte do contaminante lançado no meio”.
Radiação solar mostrou o maior efeito deletério na mitigação das concentrações de coliformes fecais no ambiente marinho
O pesquisador afirma que a dispersão e a degradação bacteriana depende
fortemente das condições ambientais. Os fatores responsáveis pela
regulação dos níveis de radiação solar, tais como condições
meteorológicas (cobertura de nuvens) e sazonais (estações do ano)
possuem influência significativa na avaliação da contaminação costeira
por efluentes lançados por emissários submarinos. Em simulações
comparativas entre cenários de céu claro e totalmente nublado, para os
mesmos padrões de correntes, a condição de bom tempo remete a uma
situação significativamente melhor do que a de mau tempo, em relação aos
índices de coliforme nas cercanias e nas regiões adjacentes ao ponto de
lançamento do efluente.
“Em linhas gerais, o
estudo do transporte de contaminantes, considerando coliformes fecais
como contaminantes de referência, depende fortemente das condições
ambientais simuladas. A radiação solar mostrou o maior efeito deletério
na mitigação das concentrações de coliformes fecais no ambiente marinho.
Temperatura e salinidade são fatores secundários e relevantes apenas na
ausência de radiação solar. A diminuição dos níveis de radiação solar
reflete na diminuição das taxas de decaimento bacteriano e,
consequentemente, remete a maiores níveis de concentração do
contaminante no meio”, constatou o estudo.
Para o
pesquisador, os emissários submarinos são apontados como uma eficiente
alternativa para o destino final de efluentes sanitários, principalmente
em regiões litorâneas carentes de espaço para implantação das estações
de tratamento convencional completo (primário e secundário), como é o
caso de Ipanema, implantado na década de 70. Entretanto, de acordo com a
legislação atual, se faz necessário um tratamento primário antes do
lançamento submarino, de modo a promover a remoção de sólidos em
suspensão e sedimentáveis. “Mesmo neste caso, onde passa a ser
necessária a implantação de uma fase de tratamento em terra, o espaço
necessário requerido é significativamente menor do que o necessário para
um tratamento completo”, admitiu.
O trabalho desenvolvido por Renato foi publicado em três revistas científicas: no Journal of Applied Water Engineering and Research, na revista Water Science & Technology e na Revista Hydro.
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