quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A CADA SOLSTÌCIO, UMA VERMIFUGAÇÃO

Ancylostoma caninum

por: Anne Carolina Lopes dos Santos
Ancylostoma caninum adulto
Ancylostoma caninum adulto
Introdução

O parasitismo é a associação entre seres vivos, na qual existe uma unilateralidade de benefícios, sendo um dos associados prejudicado nessa relação. Desse modo, surge o parasito, agente agressor e o hospedeiro, agente que abriga o parasito (NEVES, 2005).

A frequência de parasitoses intestinais em humanos no Brasil é sabidamente elevada, assim como nos demais países subdesenvolvidos, sofrendo variações conforme a região de cada país, as condições de saneamento básico, o nível sócio econômico, o grau de escolaridade, a idade e os hábitos de higiene de indivíduos, entre outras variáveis (MACHADO et al, 1999; MACEDO et al, 2000; CIMERMAN et al, 2001).

A influência de outros fatores na determinação de parasitoses intestinais, como por exemplo, o sexo do indivíduo e o contato com animais domésticos, não está totalmente estabelecida (GINAR et al, 2006).

Os animais domésticos, particularmente cães e gatos, representam um papel importante no desenvolvimento de infecções parasitárias em crianças e idosos, através do constante contato físico. Porém, são os maiores causadores de zoonoses. Doenças compartilhadas ou naturalmente transmitidas entre humanos e outros animais vertebrados (COUTO et al, 2006).

Para a saúde pública, a verminose canina assume um papel de destaque, dado ao estreito convívio dos cães com o homem, torna-se fundamental o controle adequado da endoparasitose canina, com o objetivo de diminuir a contaminação do meio ambiente pelas formas infectantes destes parasitas e, consequentemente, minimizar os riscos de infecção humana e canina (ROBERTSON et al, 2000).

As parasitoses gastrintestinais estão entre as doenças mais frequentes e importantes dos cães neonatos e jovens. Helmintos, como o Ancylostoma spp, devido migrans viscera ao seu potencial zoonótico, são considerados um problema de saúde pública. (SANTARÉM et al, 2004).

Ancylostoma spp. É responsável pela síndrome de larva migrans cutânea e eventualmente por lesões viscerais (NUNES et al, 2000).

Os cães são considerados como um dos melhores animais de estimação e provavelmente os mais abundantes em todo o mundo, mas a presença desses animais domésticos sem os devidos cuidados sanitários pode acarretar em um grande risco a saúde humana, principalmente se estes animais forem criados sem cuidado ou abandonados nas ruas sem nenhum tipo de tratamento veterinário ou controle das suas doenças (SANTOS & CASTRO, 2006).

Apesar das inúmeras manifestações benéficas acometidas pela convivência íntima entre humanos e cães não se pode esquecer que esses mesmos bichos de estimação, como chamamos, são responsáveis pela transmissão de varias doenças, especialmente quando não são cercados de maiores cuidados. (KATAGIRI & SEQUEIRA, 2007).
Os parasitas intestinais estão entre as principais patologias encontradas em animais de estimação, essas infecções podem acometer cães de todas as idades, mas ocorrem geralmente em filhotes por terem o sistema imunológico mais frágil, facilitando a transmissão. (KATAGIRI & SEQUEIRA, 2007).

As zoonoses são doenças transmissíveis dos animais para os seres humanos. São doenças muito comuns principalmente nos animais que vivem nas ruas, podendo ser transmitidas aos seres humanos pelo menor contato com o animal ou mesmo pelo ambiente onde este costuma frequentar. São doenças compartilhadas na natureza pela espécie humana e as espécies animais. Existem várias classificações para as zoonoses, entre estas a que considera os hospedeiros envolvidos, de uma parte a espécie humana e de outra os vertebrados inferiores (GUERREIRO et al., 1984).

O hospedeiro é de vital importância para o parasita que vive através dele, pois a associação é de natureza nutritiva onde o parasita tira de seu hospedeiro tudo que necessita para a sua sobrevivência. O parasitismo pode ser externo ou interno, como é o caso dos helmintos, como o Ancylostoma caninum. O metabolismo do parasita fica totalmente ligado ao metabolismo do hospedeiro, causando um alto grau de dependência metabólica (FORTES 2004).

Ancylostoma caninum

A ancylostomidae é umas das principais famílias de Nematoda, cujos estágios parasitários podem ocorrer em mamíferos, e inclusive podem afetar humanos, mas apesar disso, seus hospedeiros definitivos são os caninos e felinos. (NEVES et al., 2005).

O Ancylostoma caninum é um endoparasito, que se nutre de sangue e é encontrado principalmente no intestino delgado do hospedeiro. Possuem coloração branca acinzentada e uma cápsula bucal grande com três pares de dentes marginais, que são utilizados para a fixação no hospedeiro, os machos podem medir de 9 a 13 mm e as fêmeas de 14 a 20 mm (FORTES 2004).

Uma fêmea de A. caninum põe em média 16 mil ovos por dia. Com condições adequadas o parasita evolui em 24 a 48 horas no interior do ovo até atingir seu primeiro estádio larval. Esta larva eclode e evolui no meio externo para larva de terceiro estádio (infectante). No solo úmido e levemente aquecido às larvas infectantes podem sobreviver até 15 semanas, durante esse período pode ser ingerida por cães e gatos, essa ingestão geralmente ocorre por via oral. As larvas então penetram na parede intestinal do animal, sofrem uma muda e só então atingem sua fase adulta, Freitas, 1977; Cury & Lima, 2002 (apud RIBEIRO, 2004).
A sua distribuição é ampla nos trópicos e nas regiões temperadas quentes e podem aparecer em outras regiões através de cães importados das regiões endêmicas (URQUHART et al., 1996).

O Brasil é um país de dimensões continentais que possui um clima predominantemente tropical e subtropical úmido, essas características são altamente favoráveis à ocorrência de doenças parasitárias, refletindo em taxas de morbidade e mortalidade elevadas em todas as regiões do país, com destaque para as regiões litorâneas (AHID, SUASSUNA & FILGUEIRA, 2009).
Anne Carolina Lopes dos Santos
Anne Carolina Lopes dos Santos, residente na cidade de Lorena- SP, Estudante de Ciências Biológicas e Técnica em Análises Clínicas.

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