quinta-feira, 23 de agosto de 2012



Fwd: Alzheimer e Parkinson - Informações atualizadas

O ALZHEIMER E A LUTA CONTRA 0 RELÓGIO
Pesquisas sobre diagnóstico e estimativas de risco de ocorrência avançam para tentar conter a doença, que em 2050 deve atingir 115 milhões de pessoas.

A doença de Alzheimer tem se expandido com velocidade alarmante no mundo, mas ainda intriga cientistas. Segundo a Associação Internacional da Doença de Alzheimer (ADI), 35,6 milhões de pessoas convivem com a enfermidade, segundo dados de 2010. A estimativa é que este número praticamente dobre a cada 20 anos, chegando a 65,7 milhões em 2030; e a 115,4 milhões, em 2050. Mas como se trata de uma en­fermidade até agora incurável e cuja causa ain­da é desconhecida, pesquisadores de todo o mundo se debruçam em formas de, ao menos, facilitar o diagnóstico e de apontar seus riscos de ocorrência.
Publicado este mês no periódico "Neurology" um estudo de três universidades americanas — Emory, da Pensilvânia e de Washington — deu mais um passo no intuito de desenvolver um teste de sangue para identificar o Alzheimer, que atualmente é diagnosticado clinicamente ou por meio de análise cerebral. Na pesquisa, foram medidos os níveis de 190 proteínas contidas no sangue de 600 voluntários: pessoas saudáveis, com diagnóstico de Alzheimer ou de Comprometimento Cognitivo Leve (MCI, na sigla em inglês) — que pode ser um estágio ante­rior do Alzheimer e que já aponta para o declínio das habilidades cognitivas. Os testes mostraram que os níveis de quatro proteínas (apolipoproteína E, peptídeo natriurético do tipo B, proteína C reativa e polipeptídio pancreático) eram destoantes nos pacientes com MCI e Alz­heimer, se comparados com os mesmos níveis em voluntários saudáveis.
— Apesar de os testes de sangue ainda não estarem prontos para serem colocados em prática, agora nós já identificamos formas de torná-los viáveis — afirmou o autor principal do trabalho, William Hu, professor assistente de Neurologia na Universidade de Medicina de Emory, na Geórgia, EUA.
ALZHEIMER CUSTA USD 604 BILHõES POR AN0
Outra pesquisa, divulgada em julho durante a conferência internacional da ADI, mostrou que cientistas do Brigham and Women's Hospital, de Boston, nos EUA, já estão oferecendo um tes­te genético preliminar para estimar os riscos de Alzheimer em pessoas diagnosticadas com o MCI. Eles acompanharão estes pacientes por seis meses, e novos resultados devem ser divulgados no final deste ano.
A organização Mundial de Saúde (OMS) publicou um comunicado cobrando que governos e formuladores de políticas públicas considerarem a doença uma prioridade mundial no âmbito da saúde pública. Segundo o relatório, os custos estimados com ela são de US$ 604 bilhões por ano no mundo. Hoje, apenas oito dos 194 Estados membros da OMS tem um piano nacional de combate a demência em execução.
O Alzheimer é o principal tipo de demência, ou seja, doença degenerativa que afeta os neurônios. Há, no entanto, outras formas comuns de demência que afetam a população, como a vascular (devido a acidentes vasculares cerebrais) e a de corpos de Lewy (estruturas anormais de proteínas em certas partes do cérebro). Há ainda infecções que podem afetar o cérebro, como Aids e doença de Lyme (causada por bactéria transmitida pelo carrapato). A Esclerose Múltipla, as doenças de Huntington (disfunção cerebral hereditária) e de Pick (neurodegenerativa rara) e de Parkinson também podem acabar levando à demência.
O CÉREBRO E A MEMÓRIA
A memória humana é um fenômeno biológico e psicológico envolvendo uma série de sistemas cerebrais que funcionam juntos e em diferentes áreas.
O cérebro humano tem 100 bilhões de neurônios que se comunicam pelas chamadas sinapses, terminações que não se tocam. Nelas, são liberados íons e agentes químicos necessários para a condução do estímulo, que corre numa velocidade de milissegundos.
A preservação desse mecanismo depende do seu uso continuado. Por isso, é comum esquecermos o que não é utilizado pelo cérebro com frequência. Por outro lado, os neurônios que forem mais estimulados terão um desenvolvimento progressivo.
DOENÇA DE ALZHEIMER
No caso da doença de Alzheimer, a perda da memória ocorre devido a um desmembramento de forma equivocada da proteína amilóide, que gera toxinas aos
neurônios e que danifica as sinapses. O apagão começa pelo hipocampo, que armazena as memórias recentes. Com a evolução da doença, as placas amilóides se acumulam e danificam outras áreas do cérebro. A partir daí, a memória do passado também começa a desaparecer.
Atenção é o segredo da memória.
Evento discute as melhores formas de evitar esquecimento e mostra que processo permanente de aprendizado é fundamental.
FlAvia Milhorance
Dos jovens aos mais velhos, é raro encontrar alguém que não reclame de esquecer coisas importantes, seja um livro recente, uma palestra, um compromisso ou um comunicado. A tendência é achar que há problemas de memória. A boa notícia é que, na maioria dos casos, não há nenhuma deficiência no funcionamento do cérebro. O indivíduo só precisa estar mais atento, focar em suas atividades, além de sempre exercitar a mente. E mais, o esquecimento é um processo absolutamente natural, que faz parte do aprendizado do ser humano. É o que garantiram especialistas que participaram da quinta edição dos Encontros O GLOBO Saúde e Bem-Estar, na última quarta-feira, so­bre a memória.
— Na maioria dos casos, quando não há uma doença, o problema de memó­ria é, na verdade, um problema de atenção — afirmou a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, da UFRJ.
Com o advento da internet, uma das dificuldades do mundo moderno e lidar com a enxurrada de dados e imagens, segundo o cardiologista Claudio Domenico, coordenador do evento, que citou o autor americano bestseller Nicholas Carr.
— Uma das frases dele e que "a mente linear, focada, sem distrações está sendo expulsa por um novo tipo de mente que quer e precisa tomar e aquinhoar informação em surtos curtos, desconexos, frequentemente superpostos, quanto
mais rapidamente, melhor". Realmente, hoje há um excesso de informação e a internet tem aquela história de surfar, a gente não se aprofunda — criticou.
A neurologista Carla Tocquer concorda que a internet distrai e aconselhou a focar em apenas um assunto:
— É preciso engajar a atenção, estar presente no agora. Aquele comportamento da internet de passar de um assunto a outro, acaba sendo nocivo à memória. Como posso melhorar o registro? Se estiver 100% presente, disponível no momento, amanhã quando eu quiser me lembrar do dia de hoje vai ser muito mais fácil.
A ideia da internet como vilã, porém, não é aceita como argumento por Su­zana Herculano-Houzel.
—É muito fácil colocar a culpa na in­ternet. Não existe informação demais hoje. Sempre existiu informação de­mais para o cérebro da gente, desde o início dos tempos. O problema é que o cérebro só consegue prestar atenção em uma coisa de cada vez — defendeu.
A C0NSTRUÇÃ0 da identidade
Muito além de apenas um sistema de armazenamento de informações no cérebro, a memória está ligada ao aprendizado e é responsável por definir a identidade de cada um, por mudar o cérebro conforme as experiências.
—O cérebro aprende, muda, faz diferente, isto é memória. Há a mudança do comportamento por causa das experiências anteriores. Perder a memó­ria quer dizer passar pela vida em branco. Seu cérebro não registra o que aconteceu, e é como se nada tivesse acontecido ao seu redor — afirmou Suzana.
A neurocientista também explica que a memória é um processo físico, que envolve mudanças de conexões do cérebro, que são as sinapses, onde os neurônios trocam informações uns com os outros. Até a década de 1950, acreditava-se que o indivíduo já nascia com um número estabelecido de sinapses. Hoje se sabe que novas sinap­ses são criadas e outras, perdidas, ao longo da vida.
—Uma parte importante do aprendizado é de remoção daquilo que não serve, do que não funciona. Mas ao mesmo tempo, aquelas sinapses que servem para alguma são fortalecidas. Enfraquecer ou fortalecer uma sinapse quer dizer, essencialmente, diminuir ou aumentar o impacto que um neurônio tem sobre o seguinte. É um proces­so de lapidação, a memoria é a escultura que fica.
NÃO EXISTEM PÍLULAS MILAGROSAS
A capacidade de aprendizado na infância é maior do que na idade adulta, assim como é mais comum o idoso ter queixas de perda de memória do que o jovem. Mas uma série de pesquisas lança otimismo em relação ao envelhecimento do cérebro, e aponta para a possibilidade de recuperação da memória se ela for estimulada, por exemplo, com exercícios físicos e com o hábito da leitura frequente.
Por outro lado, há fatores que influenciam negativamente na memória humana, e acabam por agravar os efeitos do tempo. Álcool e outras drogas, depressão, alimentação inadequada, assim como algumas doenças e deficiências nutricionais.
Técnicas para melhorar a memória tiveram espaço de destaque durante o debate, assim como o alerta para comprimidos que se dizem milagrosos e que prometem melhorar o desempenho cerebral:
—Há uma pílula que acabou de sair chamada Cognizin, está à venda por R$ 69,99. Para quem adora vitamina, é uma ótima maneira de fazer um xixi mais caro, não serve para absolutamente nada — comentou Domenico.
Segundo ele, não há fórmula mágica: ler, boa alimentação e exercícios são as melhores formas de desenvolver o cérebro. Já Carla Tocquer deu outra dica:
—O relaxamento vai deixar a pessoa mais disponível e a meditação vai ajudar não só no registro como no armazenamento da informação.
Exercícios - Como melhorar a memória
A maioria das queixas de perda de memória não tem relação alguma com doenças. Estresse, cansaço ou apenas a pouca utilização da memória podem torná-la menos eficaz. Felizmente, há maneiras de mantê-la mais fresca.
ATENÇÃO: Se nós prestássemos mais atenção às coisas que nos são ditas, nossa memória seria excelente. Mas, considerando a quantidade de distrações que nos cercam, é preciso mais esforço para reter informações. Se você já tem a atenção reduzida, tente melhorar alguns dos maus hábitos. Quando souber que está recebendo de alguém uma informação que é importante, por exemplo, tente manter contato visual, tome notas, sente-se com postura e faça perguntas. Tornar-se mais engajado na conversa, palestra ou entrevista poderá ajudar a manter o maior número de informações.
ALIMENTAÇÃO: A maioria das pessoas subestima o papel da dieta sobre a inteligência e a memória. Baixos níveis de glicose no sangue podem gerar cansaço, não apenas físico, mas também mental. Uma boa estratégia para evitar este tipo de desgaste é comer várias pequenas refeições durante o dia.
SONO: Dormir bem também é um hábito frequentemente subestimado. Quando dormimos, nossa mente entra em estado de descanso e recuperação. Dormir profundamente é benéfico porque permite ao cérebro ter tempo para formar novas conexões neuronais. Sonhar é outra parte do processo de alívio do estresse, que limpa a mente e permite um aprendizado mais rápido. Dormir em média sete ou oito horas por noite pode ser crucial quando se está tentando lembrar de uma grande quantidade de informação.
ORGANIZAÇÃO: Se sua escrivaninha está desorganizada, abarrotada de objetos desnecessários, há chances de seu cérebro estar lidando com o mesmo problema, e isto pode interferir no processo cognitivo. Organize o que for importante ao seu redor. Às vezes, apenas separar objetos por assunto, como por exemplo os boletos de contas já é suficiente.
REPETIÇÃO: O cérebro é muito eficiente em reconhecer e categorizar padrões. Por isso, repetir a mesma tarefa ou frase é uma das melhores formas de memorizar. Isto acontece porque o cérebro registra a informação como uma prioridade e a armazena num local acessível. O bom e velho hábito de se repetir em voz alta continua sendo um dos melhores métodos de memorização.
APRENDER: Pode ser uma aula de culinária, de pintura ou de História Antiga. O mais importante é continuar aprendendo para exercitar a memória e melhorar o estoque de informações. Arrumar um hobby e ler também ajudam.
Fonte: Jornal O GLOBO – 19/08/2012 – Caderno SAÚDE
ESPERANÇA CONTRA PARKINSON E ALZHEIMER
HORMÔNIO NO CORPO HUMANO PODE AJUDAR NO TRATAMENTO DE DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS
O hormônio Ouabaína, tradicionalmente utilizado no tratamento de doenças cardiovasculares, possui efeito de proteção aos neurônios, aponta estudo recente da Universidade de Sao Paulo (USP). A descoberta representa uma possibilidade de avanço no tratamento de doenças neurodegenerativas, como os males de Parkinson e Alzheimer, tendo em vista que atualmente não existe medicamento capaz de impedir a morte dos neurônios.
A ouabaína é extraída da espécie de planta Strophantus gratus, a exemplo da dedaleira (flor medicinal e ornamental), e também é encontrada no organismo humano. O professor Cristoforo Scavone, responsável pela pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, explica que e a proteção dos neurônios pode ser conseguida de maneira natural, porque o hormônio e é liberado no corpo durante a pratica de exercícios físicos.
"Se ela (a ouabaína) e liberada naturalmente no exercício e se é protetora, mais um motivo para as pessoas terem práticas saudáveis. E muito mais promissor que certas drogas", avaliou. "Isso pode fazer com que as doenças, típicas do envelhecimento, apareçam em fases mais tardias", ressaltou.
A combinação de medicamentos e a pratica de atividade física já esta sendo utilizada no tratamento dessas doenças, segundo o professor. O pesquisador alertou, no entanto, que os medi­camentos atuais agem apenas como paliativos. “São testados muitos compostos, mas o grande problema e que nenhum deles consegue estancar o pro­cesso de morte dos neurônios", declarou. Para Scavone, a pesquisa desenvolvida pelo ICB pode abrir uma nova área de estudo, com a perspectiva de produção de novos remédios.
Ele avalia, no entanto, que a prevenção, com a prática de atividades físicas, ainda é a melhor opção. "Hormônios são complicados de se usar como fármacos. Eles podem estimular o crescimento celular. Tivemos exemplos, como a reposição hormonal em mulheres, que demonstram o aumento dos casos de câncer. O tratamento hormonal pode induzir efeitos colaterais em longo prazo, que eu não sei se serão tão positivos quan­ta as estratégias naturais", ponderou. Embora esteja comprovada a capacidade de proteger os neurônios com o uso da ouabaína, ainda serão feitos estudos para saber a ação do hormônio contra os males de Parkinson e Alzheimer. "Estamos começando a trabalhar nos modelos das doenças neurodegenerativas para ver como se processa essa proteção. Por enquanto, analisamos a resposta em relação a inflamação e vimos que há uma proteção ao estímulo inflamatório", explicou.
Fonte: revistavitti.com.br Agosto, 2012

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