Masturbação: como praticar de maneira saudável?
Entenda se existe idade certa e quais os problemas do excesso
Por Carolina Serpejante - publicado em 11/07/2013
"Do
ponto de vista da fisiologia e da saúde, a masturbação é algo natural,
parte do desenvolvimento da sexualidade das mulheres e homens", declara o
urologista Valter Javaroni, do Departamento de Andrologia da Sociedade
Brasileira de Urologia. Um estudo realizado pela Gossard Lingerie,
empresa britânica de roupas íntimas, descobriu que 92% das mulheres
praticam masturbação. A pesquisa foi feita com mais de 1.000 mulheres
com idade entre 18 e 30 anos no Reino Unido, e revelou que nove em cada
10 mulheres admitiram terem se masturbado pelo menos uma vez naquele
ano, enquanto dois terços delas davam prazer a si mesmas pelo menos três
vezes por semana. Diante desses números é possível afirmar que a
prática não é uma exclusividade masculina, tampouco restrita a um
pequeno grupo - e como tal deve ser feita com os cuidados adequados,
evitando doenças e infecções. Tire suas dúvidas sobre a masturbação com os especialistas:
A masturbação é prejudicial à saúde?
Não.
Segundo o urologista Valter Javaroni, a masturbação é uma forma de se
conhecer melhor, que permite ao homem e à mulher aprenderem a perceber
as áreas de maior excitabilidade e as formas de gerar prazer desde o
início da vida sexual. "Trata-se de uma prática tão natural que ninguém
precisa ser ensinado, aprende-se experimentando, tocando e se
conhecendo", diz. A masturbação é uma forma de se preparar para a
relação a dois, ou então passar por períodos de ausência de parceiro e
ainda sim ter orgasmos. Sendo assim, ela não tem idade para começar e
nem para terminar.
Por outro lado, a
masturbação não é necessária ou fase obrigatória na vida de todos. "Para
alguns, não existe sentido em atingir o orgasmo de maneira solitária,
sendo mais agradável com a presença de um parceiro ou parceira", explica
o urologista. Fato é que não existem regras quando o assunto é sexo e
sexualidade, e que a masturbação pura e simplesmente não traz qualquer
malefício à saúde.
A masturbação em excesso faz mal?
Qualquer extremo é
prejudicial. Se masturbar em excesso ou nunca se masturbar são
problemas. "Se você não se masturba nunca porque foi ensinado que não
deveria ou sem justificativa racional, isso interfere negativamente na
descoberta e formação da sexualidade", explica o urologista Valter. É
claro que, como dito anteriormente, a masturbação não é algo
obrigatório, mas sua prática ou falta dela deve partir de uma escolha do
indivíduo baseada em seus gostos pessoais, não na percepção de que a
prática é errada ou lhe fará mal. "Por outro lado, quando a masturbação
se torna tão importante que inibe ou diminui a vida social, bem como a
descoberta e conquista de parceiros que dividam momento íntimo, ela pode
afetar negativamente a saúde sexual", alerta o especialista.
Infelizmente, não existe um limite padronizado para o exagero - vai de
cada um avaliar se a prática está ou não interferindo em outros aspectos
de sua vida. "Um ponto de partida seria perceber se a masturbação
solitária está sendo preferida ao relacionamento com parceiro."
Usar objetos para masturbação pode causar ferimentos e inflamações?
"Muitas pessoas
são felizes utilizando acessórios na masturbação solitária ou junto com o
parceiro, não tendo nada de errado com a prática em si", diz a
ginecologista Caroline Alexandra Pereira de Souza, especialista em
reprodução humana e endoscopia ginecológica. No entanto, é importante
que os acessórios sejam feitos para essa finalidade. Devemos ter em
mente que a anatomia dos órgãos genitais e regiões erógenas foi feita
para aumentar a chance de reprodução e perpetuação da espécie. Por isso o
pênis tem uma proteção na ponta, que é macia e suaviza o trauma e
impacto do coito, enquanto a vagina é distensível e lubrifica-se para
receber o pênis. "Dessa forma, quando vamos usar objetos ou acessórios
para aumentar o prazer, é necessário ter cuidados e se certificar de que
ele é apropriado para a prática e atende essa anatomia", diz o
urologista Valter.
Várias doenças sexualmente transmissíveis não exigem a penetração para ocorrer a transmissão, basta o contato íntimo ou uma ferida nas mãos e dedos da pessoa
Existem
vários acessórios que podem acrescentar algo diferente à prática para
escapar da rotina e que são 100% seguros. "Evite improvisar ou adaptar
nessa área, pois as complicações são sérias e podem obrigar longos
períodos de abstinência para a recuperação", lembra o urologista Valter.
Além disso, problemas gerados pelo mau uso de acessórios durante a
masturbação levam o paciente ao pronto socorro, situação que pode causar
constrangimento. Busque acessórios de qualidade vendidos em lojas
especializadas, desenhados e fabricados com essa finalidade e evite usar
objetos do cotidiano ou mobília para a prática - você corre o risco de
causar feridas em seu órgão sexual e até mesmo infecções.
Preciso usar camisinha na masturbação solitária?
Não necessariamente. Havendo higienização dos objetos e lubrificação adequada, a camisinha é
dispensável para a masturbação. Mas vale a ressalva: caso a mulher se
estimule tanto pela vagina quanto pelo ânus, o ideal seria colocar nas
mãos ou no objeto uma camisinha diferente para cada uma das práticas.
Dessa forma, mantém-se a higiene e evita que a pessoa interrompa a
masturbação para fazer essa lavagem.
É necessário usar lubrificante na masturbação?
Depende
de cada um. "A própria excitação sexual determina a produção de
líquidos fisiológicos que são lubrificantes naturais, tanto no pênis
quanto na vagina", explica o urologista Valter. Mas a situação muda
quando a masturbação é anal. "Nesse caso é importante utilizar, pois o
ânus não possui lubrificação nem quando a pessoa está excitada", diz a
ginecologista Caroline. Procure um lubrificante à base de água e nunca
use outros produtos, especialmente com álcool na composição. E mesmo na
masturbação com a vagina ou pênis, nada impede que seja usado um
lubrificante - tudo depende da preferência e conforto de cada um.
Posso perder a virgindade me masturbando?
O conceito de
virgindade é entendido como ausência de relação sexual com um parceiro.
Dessa forma, é impossível uma pessoa perder a virgindade se masturbando.
Por outro lado, qualquer estímulo pode ser suficiente para a ruptura
do hímen, que é um critério utilizado em perícia para determinar se uma
mulher é ou não virgem - mas esse conceito é equivocado. "Uma mulher
pode nascer sem hímen, ou ele pode se romper em contato com o dedo, com o
vibrador ou até espontaneamente em situações menos comuns", explica o
urologista Valter. Dito isso, a ausência de hímen não deve ser
considerada um critério para a virgindade feminina, e tampouco a
masturbação solitária tirará a virgindade de alguém.
Existe risco de contrair alguma DST ao fazer uma masturbação?
Depende.
É possível acontecer uma contaminação quando há masturbação mútua e os
fluidos sexuais estejam contaminados. "Várias doenças sexualmente
transmissíveis não exigem a penetração para ocorrer a transmissão, basta
o contato íntimo ou uma ferida nas mãos e dedos da pessoa", explica o
urologista Valter, que aponta como exemplo clássico o HPV, vírus que é
transmitido apenas pelo contato pele com pele. Caso você não saiba se o
seu parceiro ou sua parceira possui alguma DST, prefira fazer o estímulo com camisinha ou então não masturbar a pessoa, praticando apenas o sexo seguro.
A masturbação interfere no formato ou no tamanho do órgão genital?
Não. "Essas
características são determinadas por fatores genéticos e pelo ambiente
intrauterino e pós-nascimento, relacionado com estímulos hormonais e
nutrientes necessários para que as diferentes fases de evolução da
genitália ocorram de forma normal", explica Valter Javaroni. O
desenvolvimento do órgão genital se dá desde o feto até a adolescência, e
as variações de tamanho ou formato dependem da saúde do indivíduo.
A masturbação pode causar mudanças em nosso corpo?
Não.
Frases como "masturbação fará os pelos crescerem" ou "fará os seios se
desenvolverem" e outros ditos do tipo não passam de crença, de acordo
com os especialistas. "Durante muito tempo, esses mitos foram usados
para condenar a prática da masturbação, seja por questões religiosas ou
pessoais", diz o urologista Valter. No entanto, a masturbação é uma
prática extremamente normal, que se feita com os devidos cuidados não
causa qualquer tipo de problema.
Quais são os sinais de que há algo errado após ou durante a masturbação?
A dor durante ou
depois da prática é o principal indício. "Feridas que não desaparecem
espontaneamente 24 horas depois do estímulo também merecem atenção, e o
mais recomendado é mostrar para o urologista ou ginecologista o quanto
antes", ressalta o urologista Valter. Caso você sinta algo diferente,
procure descobrir o que motivou o problema e busque um especialista.
A higiene é importante? Como deve ser feita da forma correta?
Uma
higiene adequada é de extrema importância, pois só assim é possível
estar seguro contra infecções, inflamações e até mesmo doenças. Para
homens e mulheres, a higiene antes e depois da prática deve ser feita
com água e sabonete neutro, tanto das mãos quanto do órgão genital.
"Evite produtos bactericidas ou germicidas que vão acabar destruindo a
flora natural da região genital", lembra o urologista Valter. O
especialista afirma que um erro comum é o de homens usarem sabonetes
íntimos femininos para fazer a higiene. "São situações totalmente
diferentes, órgão com formatos diferentes e pH é diferente", completa. O
ideal mesmo, para ambos os sexos, é a água com sabonete neutro,
inclusive para higienizar os acessórios sexuais.
A atenção fica
redobrada quando a masturbação é anal. Nesse caso, precisamos lembrar
que as bactérias e germes do reto não devem ser introduzidas na vagina.
"O correto é não misturar as coisas, ou então usar preservativo para a
introdução anal e retirá-lo ou colocar um novo para praticar o estímulo
vaginal."
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